Para José de Alencar, como explicita o subtítulo de
seu romance,
Iracema é uma "Lenda do Ceará". É também, segundo diferentes críticos
e historiadores, um poema em prosa, um romance poemático, um exemplo de prosa
poética, um romance histórico-indianista, uma narrativa épico-lírica ou
mitopoética. Cada uma dessas definições põe em relevo um aspecto da obra e nenhuma
a esgota: a lenda, a narrativa, a poesia, o heroísmo, o lirismo, a história, o
mito.
O
encontro da natureza (Iracema) e da civilização (Martim)
projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há, em Iracema, um tempo
poético marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua
passagem (as estações, a Lua, o Sol, a brisa), que
predomina no corpo da narrativa, e um tempo histórico, cronológico. O tempo
histórico situa-se nos primeiros anos do século XVII,
quando Portugal ainda estava sob o domínio espanhol (União Ibérica), e, por forças da união das
coroas ibéricas, a dinastia castelhana ou filipina reinava
em Portugal e em suas colônias ultramarinas.
A
ação inicia-se entre 1603 e o começo de 1604, e prolonga-se até 1611. O episódio amoroso
entre Martim e Iracema, do encontro à morte da protagonista, dá-se em 1604 e
ocupa quase todo o romance, do capítulo II ao XXXII. A valorização da cor
local, do típico, do exótico, inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar
a terra natal por meio de metáforas e
comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo. É o
Nordeste das praias e das serras (Ibiapaba),
dos rios (Parnaíba e Jaguaribe)
e da Bica do Ipu ou "bica".
"Iracema" (1884), por José Maria de Medeiros.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Iracema
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