Pensamento
gentil de paz eterna,
Amiga morte,
vem. Tu és o termo
De dois
fantasmas que a existência formam,
— Dessa alma vã
e desse corpo enfermo.
Pensamento
gentil de paz eterna,
Amiga morte,
vem. Tu és o nada,
Tu és a
ausência das moções da vida,
Do prazer que
nos custa a dor passada.
Pensamento
gentil de paz eterna,
Amiga morte,
vem. Tu és apenas
A visão mais
real das que nos cercam,
Que nos
extingues as visões terrenas.
(...)
Amei-te sempre:
— e pertencer-te quero
Para sempre
também, amiga morte.
Quero o chão,
quero a terra — esse elemento;
Que não se
sente dos vaivéns da sorte.
Para tua
hecatombe de um segundo
Não falta
alguém? — Preenche-a tu comigo.
Leva-me à
região da paz horrenda,
Leva-me ao
nada, leva-me contigo.
Miríadas de
vermes lá me esperam
Para nascer de
meu fermento ainda.
Para nutrir-se
de meu suco impuro,
Talvez me
espera uma plantinha linda.
Vermes que
sobre podridões refervem,
Plantinha que a
raiz meus ossos ferra,
Em vós minha
alma e sentimento e corpo
Irão em partes
agregar-se à terra.
E depois nada
mais. Já não há tempo,
Nem vida, nem
sentir, nem dor, nem gosto.
Agora o nada, —
esse real tão belo
Só nas terrenas
vísceras deposto.
(...)
Fonte: http://www.escritas.org/pt/t/11940/morte
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