O poema “Louco (hora de delírio)”, escrito
por Junqueira Freire, reflete a angústia de seus pensamentos no qual ele trata
da morte e da liberdade espiritual, que segundo seu poema, só é atingida após a
morte. Expressa em sua obra a tensão entre a vida material, a sua religiosidade
e a sua espiritualidade, tensão essa gerada pela desilusão da vida religiosa,
cercada e regida por repressões.
Trata da morte
como sendo a única forma de se atingir a liberdade plena, abandonando a vida
material e rompendo com “a prisão da carne”, forma pela qual ele descreveu em
seu texto o que seria a vida na terra.
Presente em sua
produção também está à figura de Deus, citado em algumas ocasiões como no
trecho que segue, "É um anjo de Deus, que Deus anima." A partir desta
citação observamos forte influência religiosa em sua obra. Religiosidade essa
que vem como complemento a temática de morte escolhida por Junqueira Freire.
Retrata em sua poesia os seus pensamentos em relação a uma pessoa que se mata
visando buscar a liberdade do mundo material. O poeta afirma em sua opinião que
aqueles que buscam a liberdade não são loucos, pois quem se aproxima de Deus
por meio da morte pode trazer, no futuro, as suas palavras aos que estão na
terra.
Junqueira Freire utiliza de várias
repetições em seus versos como meio de enfatizar a ideia que propõem no poema.
Fato esse que pode ser observado nos versos que seguem: “Foi uma repulsão de
dous contrários: Foi um duelo, na verdade, insano: Foi um choque de agentes
poderosos...” Esse aspecto do poema pode também ser observado em relação às
estrofes do poema, visto que a primeira estrofe se repente no final do poema,
trazendo uma retomada da ideia principal da produção. Outro recurso utilizado
pelo autor é a utilização dos dois pontos com a função de exemplificar e
explicar as ideias expostas no poema. Esse recurso também pode ser observado no
trecho citado acima.
No poema observamos uma divergência de
ideias entre os pensamentos de Junqueira e as ideias já impostas pela sociedade
em relação à morte. Na visão do poeta, a morte é algo que vem ao natural e é,
além disso, algo bom para o espírito que poderá elevar-se. Segundo a visão de
Junqueira, a vida na terra é uma espécie de prisão da qual o espirito tende a
se libertar para atingir sua plenitude e chegar a sua essência. Fato esse que
nos remete a perda de entes queridos e nos conforta por serem ideias positivas
em relação a esse espírito que somente “quebrou-lhe um elo da matéria”.
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